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sexta-feira, 20 de outubro de 2006
Retirado do Blog do Mesquita
Lingua Portuguesa
Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se
encontravam no elevador. Um substantivo masculino, com um
aspecto plural, com alguns anos bem vividos pelas preposissoes
da vida. E o artigo era bem definido, feminino, singular: era
ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal.
Era ingenua, silabica, um pouco atona, ate ao contrario dele:
um sujeito oculto, com todos os vicios de linguagem, fanatico
por leituras e filmes ortograficos. O substantivo gostou dessa
situassaum: os dois sozinhos, num lugar sem ninguem ver e
ouvir. E sem perder essa oportunidade, comessou a se insinuar,
a perguntar, a conversar. O artigo feminino deixou as
reticencias de lado, e permitiu esse pequeno indice.De repente,
o elevador para, soh com os dois lah dentro: otimo, pensou o
substantivo, mais um bom motivo para provocar alguns
sinonimos. Pouco tempo depois, jah estavam bem entre
parenteses, quando o elevador recomessa a se movimentar: soh
que em vez de descer, sobe e para justamente no andar do
substantivo. Ele usou de toda a sua flexaum verbal, e entrou
com ela em seu aposto. Ligou o fonema, e ficaram alguns
instantes em silencio, ouvindo uma fonetica classica, bem suave
e gostosa.
Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo
para ela. Ficaram conversando, sentados num vocativo,
quando ele comessou outra vez a se insinuar. Ela foi deixando,
ele foi usando seu forte adjunto adverbial, e rapidamente
chegaram a um imperativo, todos os vocabulos diziam que iriam
terminar num transitivo direto. Comessaram a se aproximar,
ela tremendo de vocabulario, e ele sentindo seu ditongo
crescente: se abrassaram, numa pontuassaum taum minuscula,
que nem um periodo simples passaria entre os dois. Estavam
nessa enclise quando ela confessou que ainda era virgula ele
naum perdeu o ritmo e sugeriu uma ou outra soletrada em seu
apostrofo. Eh claro que ela se deixou levar por essas palavras,
estava totalmente oxitona as vontades dele, e foram para o
comum de dois generos. Ela totalmente voz passiva, ele voz ativa.
Entre beijos, caricias, paronimos e substantivos, ele foi
avansando cada vez mais: ficaram uns minutos nessa proclise,
e ele, com todo o seu predicativo do objeto, ia tomando conta.
Estavam na posissaum de primeira e segunda pessoas do
singular, ela era um perfeito agente da passiva, ele todo
paroxitono, sentindo o pronome do seu grande travessaum
forsando aquele hifen ainda singular. Nisso a porta abriu
repentinamente. Era o verbo auxiliar do edificio. Ele tinha
percebido tudo, e entrou dando conjunsoes e adjetivos nos dois,
que se encolheram gramaticalmente, cheios de preposissoes,
locussoes e exclamativas. Mas ao ver aquele corpo jovem, numa
acentuassaum tonica, ou melhor, subtonica, o verbo auxiliar
diminuiu seus adverbios e declarou o seu participio na historia.
Os dois se olharam, e viram que isso era melhor do que uma
metafora por todo o edificio. O verbo auxiliar se entusiasmou,
e mostrou o seu adjunto adnominal. Que loucura, minha gente.
Aquilo naum era nem comparativo: era um superlativo absoluto.
Foi se aproximando dos dois, com aquela coisa maiuscula, com
aquele predicativo do sujeito apontado para seus objetos. Foi
chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do
substantivo ao seu tritongo, propondo claramente uma
mesoclise-a-trois. Soh que as condissoes eram estas: enquanto
abusava de um ditongo nasal, penetraria ao gerundio do
substantivo, e culminaria com um complemento verbal no
artigo feminino.
O substantivo, vendo que poderia se transformar num artigo
indefinido depois dessa, pensando em seu infinitivo, resolveu
colocar um ponto final na historia: agarrou o verbo auxiliar
pelo seu conectivo, jogou-o pela janela e voltou ao seu trema,
cada vez mais fiel a lingua portuguesa, com o artigo feminino
colocado em conjunssaum coordenativa conclusiva."
Autor desconhecido.
Adorei
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