Há 21 horas
terça-feira, 15 de abril de 2008
Amor & Sexo
"O amor tem jardim, cerca, projeto. O sexo invade tudo isso.
Sexo é contra a lei. O amor depende de nosso desejo, é uma construção que criamos.
Sexo não depende de nosso desejo; nosso desejo é que é tomado por ele. Ninguém se masturba por amor. Ninguém sofre de tesão.
O sexo é um desejo de apaziguar o amor. O amor é uma espécie de gratidão posterior pelos prazeres do sexo.
O amor vem depois, o sexo vem antes. No amor, perdemos a cabeça, deliberadamente. No sexo, a cabeça nos perde.
O amor precisa do pensamento. No sexo, o pensamento atrapalha; só as fantasias ajudam.
O amor sonha com uma grande redenção. O sexo só pensa em proibições: não há fantasias permitidas.
O amor é um desejo de atingir a plenitude. Sexo é o desejo de se satisfazer com a finitude.
O amor vive da impossibilidade sempre deslizante para a frente. O sexo é um desejo de acabar com a impossibilidade.
O amor pode atrapalhar o sexo. Já o contrário não acontece.
Existe amor sem sexo, claro, mas nunca gozam juntos.
Amor é propriedade. Sexo é posse.
Amor é a casa; sexo é invasão de domicílio.
Amor é o sonho por um romântico latifúndio; já o sexo é o MST.
O amor é mais narcisista, mesmo quando fala em “doação”. Sexo é mais democrático, mesmo vivendo no egoísmo.
Amor e sexo são como a palavra farmakon em grego: remédio e veneno. Amor pode ser veneno ou remédio. Sexo também – tudo dependendo das posições adotadas.
Amor é um texto. Sexo é um esporte.
Amor não exige a presença do “outro”; o sexo, no mínimo, precisa de uma “mãozinha”.
Certos amores nem precisam de parceiro; florescem até mas sozinhos, na solidão e na loucura. Sexo, não – é mais realista. Nesse sentido, amor é uma busca de ilusão. Sexo é uma bruta vontade de verdade.
Amor muitas vezes é uma masturbação. Seco, não.
Sexo é contra a lei. O amor depende de nosso desejo, é uma construção que criamos.
Sexo não depende de nosso desejo; nosso desejo é que é tomado por ele. Ninguém se masturba por amor. Ninguém sofre de tesão.
O sexo é um desejo de apaziguar o amor. O amor é uma espécie de gratidão posterior pelos prazeres do sexo.
O amor vem depois, o sexo vem antes. No amor, perdemos a cabeça, deliberadamente. No sexo, a cabeça nos perde.
O amor precisa do pensamento. No sexo, o pensamento atrapalha; só as fantasias ajudam.
O amor sonha com uma grande redenção. O sexo só pensa em proibições: não há fantasias permitidas.
O amor é um desejo de atingir a plenitude. Sexo é o desejo de se satisfazer com a finitude.
O amor vive da impossibilidade sempre deslizante para a frente. O sexo é um desejo de acabar com a impossibilidade.
O amor pode atrapalhar o sexo. Já o contrário não acontece.
Existe amor sem sexo, claro, mas nunca gozam juntos.
Amor é propriedade. Sexo é posse.
Amor é a casa; sexo é invasão de domicílio.
Amor é o sonho por um romântico latifúndio; já o sexo é o MST.
O amor é mais narcisista, mesmo quando fala em “doação”. Sexo é mais democrático, mesmo vivendo no egoísmo.
Amor e sexo são como a palavra farmakon em grego: remédio e veneno. Amor pode ser veneno ou remédio. Sexo também – tudo dependendo das posições adotadas.
Amor é um texto. Sexo é um esporte.
Amor não exige a presença do “outro”; o sexo, no mínimo, precisa de uma “mãozinha”.
Certos amores nem precisam de parceiro; florescem até mas sozinhos, na solidão e na loucura. Sexo, não – é mais realista. Nesse sentido, amor é uma busca de ilusão. Sexo é uma bruta vontade de verdade.
Amor muitas vezes é uma masturbação. Seco, não.
O amor vem de dentro, o sexo vem de fora, o amor vem de nós e demora. O sexo vem dos outros e vai embora.
Amor é bossa nova; sexo é carnaval.
Não somos vítimas do amor, só do sexo. 'O sexo é uma selva de epiléticos' ou 'O amor, se não for eterno, não era amor' (Nelson Rodrigues).
O amor inventou a alma, a eternidade, a linguagem, a moral. O sexo inventou a moral também do lado de fora de sua jaula, onde ele ruge.
O amor tem algo de ridículo, de patético, principalmente nas grandes paixões. O sexo é mais quieto, como um caubói – quando acaba a valentia, ele vem e come.
Eles dizem: 'Faça amor, não faça a guerra'. Sexo quer guerra?.
O ódio mata o amor, mas o ódio pode acender o sexo.
Amor é egoísta; sexo é altruísta.
O amor quer superar a morte. No sexo, a morte está ali, nas bocas...
O amor fala muito. O sexo grita, geme, ruge, mas não se explica.
O sexo sempre existiu – das cavernas do paraíso até as saunas relax for men. Por outro lado, o amor foi inventado pelos poetas provinciais do século XII e, depois, revitalizado pelo cinema americano da direita cristã.
Amor é literatura.
Sexo é cinema.
Amor é prosa; sexo é poesia.
Amor é mulher; sexo é homem (an???)– o casamento perfeito é do travesti consigo mesmo.
O amor domado protege a produção. Sexo selvagem é uma ameaça ao bom funcionamento do mercado. Por isso, a única maneira de controla-lo é programa-lo, como faz a indústria das sacanagens. O mercado programa nossas fantasias.
Não há saunas relax para o amor. No entanto, em todo bordel, fingi-se um 'amorzinho' para iniciar. O amor está virando um “hors-d’oeuvre” para o sexo.
O amor busca uma certa “grandeza”. O sexo sonha com as partes baixas. O perigo do sexo é que você pode se apaixonar. O perigo do amor é virar amizade.
Com camisinha, há sexo seguro, mas não há camisinha para o amor.
O amor sonha com a pureza. Sexo precisa do pecado.
Amor é o sonho dos solteiros (quando foi isso?). Sexo, o sonho dos casados.
Sexo precisa da novidade, da surpresa. 'O grande amor só se sente no ciúme' (Proust).
O grande sexo sente-se como uma tomada de poder.
Amor é de direita. Sexo, de esquerda (ou não, dependendo do momento político. Atualmente, sexo é de direita. Nos anos 60, era o contrário. Sexo era revolucionário e o amor era careta).
E por aí vamos. Sexo e amor tentam mesmo é nos afastar da morte. Ou não; sei lá... e-mails de quem souber para o autor."
(Arnaldo Jabor)
Amor é bossa nova; sexo é carnaval.
Não somos vítimas do amor, só do sexo. 'O sexo é uma selva de epiléticos' ou 'O amor, se não for eterno, não era amor' (Nelson Rodrigues).
O amor inventou a alma, a eternidade, a linguagem, a moral. O sexo inventou a moral também do lado de fora de sua jaula, onde ele ruge.
O amor tem algo de ridículo, de patético, principalmente nas grandes paixões. O sexo é mais quieto, como um caubói – quando acaba a valentia, ele vem e come.
Eles dizem: 'Faça amor, não faça a guerra'. Sexo quer guerra?.
O ódio mata o amor, mas o ódio pode acender o sexo.
Amor é egoísta; sexo é altruísta.
O amor quer superar a morte. No sexo, a morte está ali, nas bocas...
O amor fala muito. O sexo grita, geme, ruge, mas não se explica.
O sexo sempre existiu – das cavernas do paraíso até as saunas relax for men. Por outro lado, o amor foi inventado pelos poetas provinciais do século XII e, depois, revitalizado pelo cinema americano da direita cristã.
Amor é literatura.
Sexo é cinema.
Amor é prosa; sexo é poesia.
Amor é mulher; sexo é homem (an???)– o casamento perfeito é do travesti consigo mesmo.
O amor domado protege a produção. Sexo selvagem é uma ameaça ao bom funcionamento do mercado. Por isso, a única maneira de controla-lo é programa-lo, como faz a indústria das sacanagens. O mercado programa nossas fantasias.
Não há saunas relax para o amor. No entanto, em todo bordel, fingi-se um 'amorzinho' para iniciar. O amor está virando um “hors-d’oeuvre” para o sexo.
O amor busca uma certa “grandeza”. O sexo sonha com as partes baixas. O perigo do sexo é que você pode se apaixonar. O perigo do amor é virar amizade.
Com camisinha, há sexo seguro, mas não há camisinha para o amor.
O amor sonha com a pureza. Sexo precisa do pecado.
Amor é o sonho dos solteiros (quando foi isso?). Sexo, o sonho dos casados.
Sexo precisa da novidade, da surpresa. 'O grande amor só se sente no ciúme' (Proust).
O grande sexo sente-se como uma tomada de poder.
Amor é de direita. Sexo, de esquerda (ou não, dependendo do momento político. Atualmente, sexo é de direita. Nos anos 60, era o contrário. Sexo era revolucionário e o amor era careta).
E por aí vamos. Sexo e amor tentam mesmo é nos afastar da morte. Ou não; sei lá... e-mails de quem souber para o autor."
(Arnaldo Jabor)
Esse é só um trecho do texto... tenho a impressão que já tinha postado ele, mas de toda maneira "vale-a-pena-ler-de-novo"...
xxoo
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